Origem
O termo ciberespaço foi criado em 1984 por William Gibson, um escritor norte-americano que mudou-se para o Canadá, que usou o termo em seu livro de ficção científica, Neuromancer.
Este livro trata de uma realidade que se constitui através da produção
de um conjunto de tecnologias, enraizadas na sociedade, e que acaba por
modificar estruturas e princípios desta e dos indivíduos que nela estão
inseridos. O ciberespaço é definido como “o espaço de comunicação aberto
pela interconexão mundial dos computadores e das memórias dos
computadores” (LÉVY, 1999, pág. 92). Trata-se de um novo meio de
comunicação estruturado.
O Ciberespaço e a (ciber)cidade
Dentre as inúmeras metáforas utilizadas
para explicar a experiência virtual, nenhuma parece alcançar mais êxito
do que a da cidade. Quando se fala em “congestionamentos” de rede, ou se
usa termos como “cidade de bits”, “cidadãos-rede” ou “homepages”,
nota-se uma especial facilidade de compreensão dessas figuras de
linguagem. Essa aparente proximidade de significados aponta para um
possível paralelismo entre as chamadas realidade “real” e “virtual”.
Tentativas bem sucedidas de estabelecer essa relação entre o mundo
físico das cidades e o ciberespaço já acontecem frequentemente.
Representam um bom exemplo disso as empresas que decidiram abrir
“filiais” no popular jogo Second Life,
bem como os cidadãos comuns que criam sua imagem pessoal virtual
(avatar), com a qual dirigem carros, viajam, conhecem lugares,
estabelecem negócios e interagem com outras representações virtuais de
indivíduos reais. A relação da cidade real com o ciberespaço vai além
das possibilidades de representações tridimensionais da nossa
experiência espacial cotidiana. A metáfora abrange o funcionamento da
web, onde cada usuário que ali “transita” o faz de acordo com interesses
e necessidades pessoais mas, ao mesmo tempo, a atividade de todos em
conjunto acaba contribuindo para a movimentação, para a “vida” do
ciberespaço, exatamente da maneira como ocorre na cidade real. Daí é que
surge o termo “cibercidade”, que designa a cidade virtual que funciona
de forma semelhante à cidade real. Além disso, mesmo os usuários menos
familiarizados conseguem perceber, no funcionamento da web, a existência
de ligações – os links – que funcionam como transições de espaço entre
uma página e outra, identificando um percurso percorrido. Tudo isso só
tende a reforçar a similaridade do ciberespaço com um espaço real
organizado e, de certa maneira, povoado.
Desdobramentos
Já há algum tempo, discute-se a maneira
como o surgimento da web contribuiu para a abolição de fronteiras, a
relativização de distancias e a dinamização da comunicação. Porém, como
um fenômeno de massa, a consolidação da existência do ciberespaço acabou
por impulsionar inúmeras transformações também em outras áreas sociais,
como a cultura, com o surgimento e o desenvolvimento da cibercultura,
na economia, com o surgimento de mercados que negociam produtos
exclusivamente virtuais, dentre outros. O acelerado desenvolvimento da
tecnologia digital provoca significativas mudanças nos modos de
percepção, pensamento e ação no mundo a que denominamos real, além das
modificações nas esferas social, política e econômica da vida mundial. O
espaço e o tempo são os aspectos que adquirem maior importância na
discussão acerca da influência das novas tecnologias digitais de
comunicação nas formas da percepção humana. No ciberespaço, há uma maior
distorção da percepção do espaço e do tempo. Maior porque este evento
já havia sido inaugurado por outras formas de comunicação, como o
cinema. Os limites entre o real e o imaginário, entre o próximo e o
distante, tornam-se cada vez menos perceptíveis. “Um fórum privilegiado
para a abordagem dos possíveis reflexos e desdobramentos do
desenvolvimento dos sistemas de realidade virtual e das redes digitais
de comunicação sobre os estatutos do espaço e do tempo é o chamado
'ciberespaço' - aqui entendido como o conjunto de informações
codificadas binariamente que transita em circuitos digitais e redes de
transmissão.” (FRAGOSO, Suely)
A rapidez com que o ciberespaço se desenvolve, unida ao meio
supostamente acessível e democrático que este representa, torna possível
uma verdadeira revolução social, com desdobramentos múltiplos que
tendem a exercer uma interferência cada vez maior na vida dos
indivíduos.
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